A Praça Tahrir humilha o Dia da Mulher

A traição, a verdadeira, ocorreu nas últimas semanas, quando, ao conselho encarregado de reescrever a Constituição e delinear o futuro do novo Egito, não havia sido chamada nenhuma mulher. O tapa na cara chegou exatamente no dia da festa da mulher: mil egípcias tentaram, no dia 8 de março, marchar rumo à Tahrir Square, a praça símbolo da revolução, aquela onde, durante semanas, elas haviam protestado, gritado, combatido, dormido, chorado, enviado tweets.

A reportagem é de Francesca Caferri, publicada no jornal La Repubblica, 09-03-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto e revisada pela IHU On-Line..

O objetivo era reivindicar o seu papel no protesto e no futuro do país. Mas fracassaram. A marcha foi detida por grupos de homens, que bloquearam as manifestantes, arrancando seus cartazes, empurrando-as e obrigando-as a retroceder. “Não é o momento certo para as manifestações de vocês”, teriam dito às mulheres.

E assim a marcha que devia levar à praça um milhão de egípcias fracassou. Duas vezes: porque, nas ruas, se encontraram em apenas mil pessoas e porque alguns daqueles com os quais haviam lutado lado a lado durante semanas quiseram relegá-las àquele papel secundário do qual pensavam ter conseguido sair.

“O novo Egito deixa as mulheres para trás”, dizia o título do jornal Al Jazeera. Do Cairo a Alexandria, todas compartilham desta opinião: “O sangue das mulheres que foram mortas no protesto ainda está fresco: e já estão nos traindo”, disse Nawal Al Saadawi à revista New Yorker. Al Saadawi é a mais famosa feminista egípcia, a madrinha da revolução, 71 anos dos quais muitos foram passados na prisão, mas em primeira fila, com os seus cabelos brancos, em Tahrir desde o primeiro dia.

Na terça-feira, Al Saadawi não estava no Cairo: mas no futuro, as egípcias ainda precisarão dela, como esse 8 de março demonstrou.

No Cairo, também morreu um cristão copta, ferido nos últimos dias no confrontos com os muçulmanos após o incêndio de uma igreja (veja as Fotos do dia): um outro sinal preocupante para o novo Egito.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=41243

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